sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Sexta-feira 12/02 - Alice

O fato de eu ter apenas dois amigos homens nem sempre ajudava. Mais uma vez estava sendo obrigada, naquele momento, a me arrumar para ir ao StarClube, e eu realmente odiava aquele lugar, mas, como meus amigos adoravam, e eu não tinha uma outra opção, lá ia eu. Tirava de letra quando o assunto era “ir aonde eu não queria”, como da vez em que me arrastaram a um campo de futebol, porque eu queria sair, mas não tinha criatividade para dizer onde, realmente foi horrível, juro.
Bem, o StarClube não é um bom lugar para se freqüentar quando não se gosta de cheiro de cigarro e outras coisas que fedem bastante, por isso estou sendo bem seletiva em relação à roupa que vou colocar e estou super atrasada, mas os meninos já estão acostumados com isso. Além de que não posso colocar algo que chame atenção, pois os garotos lá adoram pegar você de surpresa e agarrá-la a força. Mas vamos esquecer esse pedaço, pois tenho dois brutamontes para me defender. Alias, Luke nunca deixou nada acontecer comigo, é, esse é meu amigo de infância.
Meu pai conheceu o pai dele na escola e desde então são super amigos, casaram-se e nunca deixaram de se falar, daí o Luke nasceu e quatro meses depois eu nasci. Tenho um irmão gêmeo que, por incrível que pareça, não ficou amigo dele como meu pai esperava, só que eu sim, e somos inseparáveis desde sempre. Foi ele que ficou do meu lado quando minha mãe morreu, quando eu tinha apenas doze anos.
Bom, eu tenho uma mania esquisita; a de ficar espiando meu vizinho pela janela, e justamente quando eu estava super empolgada vendo como aquele garoto lindo e perfeito, que por sinal estuda na mesma faculdade que eu, estava concentrado em algum livro, Luke entra no meu quarto:
- Já tais pronta? – e, em um rápido segundo, ele para de falar e percebe o que eu estava fazendo.
- Quem você está espiando?
- Você está tão bonita, tudo isso é para quem? O Peter?
Ele sabia que eu odiava quando ele me jogava pra cima de Peter, que era só meu amigo, apesar de viver me cantando.
- Não é para o Peter e nem para ninguém, eu gosto de me arrumar de vez em quando, e será que dá para parar de fazer essa cara, vamos logo – eudisse, puxando-o pra fora do quarto em direção a porta de saída.
Lá vamos nós para o Starclub, escutando aquelas porcarias de músicas do Luke, mas sem reclamar, já que eu estava no carro dele mesmo.
Chegamos lá e já nos separamos; é que tínhamos costumes diferentes. Peter ia direto para o balcão de bebidas, Luke ia dar uma volta para ver o movimento, ou melhor, beijar garotas, já que ele tinha um belo rosto, um belo corpo, resumindo, era tudo de bom. Não era a toa que era o cara mais bonito e desejado da faculdade e, quem sabe, da cidade.
Eu,como sempre, ia arrumar um lugar super calmo para me sentar e ficar olhando as pessoas fazerem suas loucuras de todo fim de semana. Mas muita coisa naquele lugar me incomodava, principalmente o fato de ele ser freqüentado por uma turma que odiava os meus amigos, pois tudo o que acontecia era motivo para eles brigarem.
O StarClube era dividido emm três grupos, o de Prego, um garoto super louco e arrogante que gritava com todo mundo sem exceção, o do Heitor, o qual era amigo de Luke, o que faz com que ele também seja do grupo e o de Matheus, um garoto que tinha fama, pois era vocalista de uma banda super legal, mas seus fãs não faziam idéia da pessoa que ele era. Como se já não fosse ruim o fato desse cara ser o maior canalha do mundo, eu ainda tinha que acrescentar que ele vivia me olhando diferente, como se eu fosse um pedaço de carne. O Matheus tinha um amigo que também me olhava, o Peu, mas não era como um alimento, e sim, com raiva. Não sei se era porque eu era amiga de Luke e ele era o número um do ranking de odiá-lo, já que 90% dos garotos odiavam meu melhor amigo, ou se era porque ele tinha gosto de me ver com ar de preocupada toda vez que ele passava por mim me encarando.
Como eu nunca tinha nada pra fazer naquele lugar e sempre ficava parada, muita gente parava para falar comigo: meninos bêbados, meninas muito doidas, todo tipo de gente, mas fiquei encabulada quando o senhor do olhar de cachorro sem ração veio falar comigo.
- Boa noite, - ele era lindo, mas um tanto bossal - percebi que você está sozinha e decidi vim te fazer companhia.
- Muito obrigada, mas não precisa se incomodar. - respondi sem querer ser grossa.
- Claro que eu me preocupo, uma garota como você não deveria estar sozinha.
- Mesmo?E por que não?
- Porque existe muita gente má a solta por aqui - ele me olhava de uma maneira que dava pra saber o que ele queria. - e quem sabe você não queira ir conversar comigo em um lugar mais reservado e mais tranqüilo.
O incrível foi a rapidez com que o Luke chegou bem no momento em que Matheus ia me beijar.
- O que você pensa que está fazendo? - apesar de ser meu amigo, Luke também era meu herói.
- Estou conversando um pouco com sua amiguinha já que você não se dar o trabalho de fazer isso. - ele era totalmente irônico.
- Não se atreva a chegar perto dela de novo, seu babaca. - Luke falava realmente com raiva quando se tratava de Matheus e seus amigos. Só que nesses momentos, e principalmente quando se há muita rixa, sempre aparece o resto dos amigos e Peu aproveitou a situação para provocar raiva em Luke.
- Qual é o problema Matheus?Decidiu estudar a vida dos mortos-vivos? - perguntou Peu me olhando, já que era disso que ele e os amigos me chamavam. Percebi logo que se não tirasse Luke dali ia rolar briga, então peguei em seu braço e o tirei de perto dos meninos com todas as minhas forças já que Luke era bem mais forte do que eu.
- Não se atreva a chegar perto dela de novo, seu babaca. - Luke falava realmente com raiva quando se tratava de Matheus e seus amigos. Só que nesses momentos, e principalmente quando se há muita rixa, sempre aparece o resto dos amigos e Peu aproveitou a situação para provocar raiva em Luke.
- Qual é o problema Matheus?Decidiu estudar a vida dos mortos-vivos? - perguntou Peu me olhando, já que era disso que ele e os amigos me chamavam. Percebi logo que se não tirasse Luke dali ia rolar briga, então peguei em seu braço e o tirei de perto dos meninos com todas as minhas forças já que Luke era bem mais forte do que eu.
Era incrível como meu amigo ainda arranjava motivos para brigar comigo quando esse tipo de coisa acontecia, mesmo sabendo que eu não tinha culpa.
- Você não sabe que esse cara não vale nada, como você ainda fala com ele?
- Ele que veio falar comigo, eu não tive nada haver com isso.
- Eu só estou dizendo pra você tomar mais cuidado, e ficar a vista, eu sei que você não faz o que eu venho fazer aqui, mas pelo menos fique por perto
- Ok, Luke.
Às vezes ele parecia meu pai. O que me tirava do sério era saber que essa história de que meu melhor amigo não me dava atenção ser verdade. Eu sempre soube estar do lado dele quando Peter viajava, mas quando ele entrava naquela espelunca ele esquecia que eu tinha ido para lá também.
Mas, como eu sabia que reclamar não ia adiantar nada, o que me restava a fazer era voltar ao meu momento de pensamentos sozinha, enquanto o Luke voltava para perto do seu companheiro número 1 e das suas garotas. Às vezes eu ficava me perguntando por que eu não arrumava um namorado para deixar a vida deles mais livre. Mas, como eu não era muito boa quando o assunto era relação amorosa, deixava de lado essa idéia estúpida.
Sei, que no final das contas, acabei indo sentar em um lugar onde tinha uma garota sozinha também, mas que não me era estranha. Ela era a namorada do Peu, o garoto que tanto me detestava, e, eu não sabia porque, mas não estava com cara de quem queria ficar ali.
- Você está sozinha também?! - perguntei sem rodeios, embora já soubesse a resposta e, mesmo sem nunca ter falado com ela, esperava que fosse grossa e direta.
- Estou sim, meu namorado parece querer se divertir com os amigos apenas – a garota parecia realmente desapontada - desculpa pelo o que Matheus tentou fazer, ele é um idiota.
- É eu percebi isso, sem problemas, não precisa se preocupar.E ficamos ali sentadas conversando, até um momento que ela me faz uma oferta irrecusável:
- Vamos para outro lugar mais legal, sei que você não gosta muito
daqui.
Ela me disse isto com um certo brilho nos olhos, como se quisesse que minha resposta fosse sim. O que foi. Respondi sem pensar e nós fomos para o Rockabilly,um lugar também badalado, mas com pessoas diferentes.Chegamos lá e fomos nos divertir a nossa maneira dançando, conversando e até mesmo passando horas sentadas só olhando para os meninos que passavam. Não que ela fosse solteira, mas não se reusou a fazer isso então, entrei no joguinho também. Só que estava bom demais pra ser verdade, pois quando menos percebi o Luke entrou no Rockabilly cuspindo fogo e gritando comigo como se eu fosse um tipo de filho desobediente e surdo.
- QUANTAS VEZES EU VOU TER QUE REPETIR PARA VOCÊ ME AVISAR AONDE VAI?
Eu tentei controlar o riso, mas dei uma super gargalhada, e ele não gostou nem um pouquinho.
- ALICE EU NÃO ESTOU ACHANDO GRAÇA, - gritou ele, pegando no meu braço com muita força - Eu já falei pra você ficar longe desse pessoal.
- O que você quer dizer com esse pessoal? – perguntei apenas por fazer, pois eu realmente já tinha entendido, Luke tinha uma certa desconfiança de que garota que eu conheci fazia tudo que o namorado dela fazia, mas não era verdade e ,por causa disso, eu me descontrolei.
- Ela não o que você pensa, não é como você! Além de tudo é ela que está me fazendo companhia coisa que você não fez a noite inteira. Já percebeu que você só sabe gritar comigo.
- Eu não vou discutir com você aqui.
- Você poderia ter pensado nisso antes de entrar aqui fazendo escândalo e chamando a atenção de todo mundo.
Falando isto, tinha perdido totalmente a vontade de ficar ali, então troquei números de telefone com a Cecília, era assim que ela se chamava, e fui para o carro.
O Luke foi o caminho todo sem trocar uma palavra comigo e dirigindo como um louco, fazendo um super barulho ao estacionar na frente da minha casa. Lembro que desci do carro sem falar com ele e com Peter, já que este dormia. Entrei em casa morrendo de raiva, mas super ansiosa pra conversar com a garota que a pouco tinha conhecido. Eu achava que havia encontrado uma amiga assim como eu.


Sexta 12/02 - Cecília

Eram 20h00, e meu telefone ainda não tinha tocado. Não que a nossa ultima briga tivesse sido a pior de todas, mas acho que teve uma tamanha intensidade para me deixar um tanto abalada. Eu sabia que se não quisesse brigar com ele de novo eu teria que ir pra lá... pro grande e inconseqüente inferno chamado StarClube. Era lá que eu tinha passado a maioria das minhas noites durante os dois anos em que estávamos namorando. “Eu o amo tanto”,pensava sempre, mas sabia que no fundo não estava mais agüentando nada daquilo.
Quando menos esperei, finalmente pude ouvir o som familiar da lady gaga soando em meus ouvidos, que estava sendo meu toque desde que me viciei em “Love game”, o clipe em que ela beija uma mulher. Meio que nervosa, atendi a chamada, que mostrava claramente o nome “Peu”, piscando.
- Rhaissa me disse que vocês iam juntas hoje... de que horas mais ou menos vamos nos encontrar lá?
- Acho que umas 22:00 como sempre...eu vou pegá-la e a gente vai direto pro starclube..
- Ótimo, to indo me encontrar com os meninos agora...
- Matheus né....
- Também, mas o Pedro, Igor e Rafael também vão ta lá... achei que você tinha prometido não começar com essa história de novo!
- Tá certo Peu, eu vou estar lá, assim como eu disse que iria...Não quero brigar contigo de novo, certo? Vou desligar porque vou tomar banho agora, beijo, te amo, não esquece.
- Eu te amo também Cecília...
Era como se eu quisesse começar a chorar na hora em que eu desliguei a chamada. A voz dele soava fraca e doce, como antes. Como no dia em que ele disse que queria namorar comigo, porque eu o fazia bem como ninguém. Eu retribui com sinceridade todo o sentimento de emoção na hora, era como se fosse o melhor momento da minha vida. E parecia tudo tão acabado agora...
Tomei meu banho, vesti um dos meus vestidos favoritos, peguei meu casaco de couro preto, pus por cima, já que em Vila Verde, nossa cidade, no Mato Grosso, fazia 18º C. Estava um friozinho agradável.

Entrei no meu carro, e segui direto à casa da minha então amiga, Rhaissa. Detestava dirigir, mas como eu estava disposta a qualquer coisa para não discutir mais uma vez com meu namorado, eu o fiz. Meu Vectra 2004 já não era tão novo quanto era na época em que ele era do meu irmão mais velho, Paulo Henrique, e fazia uns chiadinhos engraçados quando ele ia ligar. Peguei Rhaissa na casa dela, como uma competente motorista, e fui direito ao “inferno”.
Chegando lá, para o meu horror, ele estava completamente lotado. Alguma banda “famosinha” do momento, a qual eu não fazia idéia qual era, iria tocar, então encheu a casa de show por inteira. Descendo do carro eu pude perceber certos rostos familiares, para a completa alegria da minha amiga:
- Cécilia, OLHA SÓ PARA O LUKE! ELE ESTÁ MAIS LINDO DO QUE DE COSTUME! SÉRIO, HOJE ELE NÃO ESCAPA DE MIM.
Eu nem me dei ao trabalho de me espantar com o seu comentário completamente efusivo. Era comum ouvir essas coisas sobre este garoto a todo tempo, vindo de meninas, e Rhaissa não era uma exemplo de exceção. Talvez ela não fosse porque não era uma mentira...digo, o fato de ele ser lindo e tudo mais. Eu não tenho como explicar aquele rosto perfeito, com uma pele impecável, acompanhado dos olhos azuis mais bonitos que já tinha visto. O cabelo loiro mel também o ajudava a ser o modelo da “perfeição” e não posso mentir que passei uns minutos imaginando como seria seu corpo por baixo daquela camisa branca com detalhes, a qual ele vestia.. ué, não era porque eu tinha namorado que eu não podia observar a beleza alheia.. mas eu me sentia realmente mal quando eu fazia este tipo de coisa.. principalmente se a beleza alheia fosse desse Luke. Meu namorado e sua carreirinha de amigos o odiavam. E eu sabia bem porque.
O Starclube, para os verdadeiros freqüentadores, digo, os que iam lá fielmente todo fim-de-semana, independente do show que ia haver, era dividido em três grupos. O do Matheus, o que Peu, meu namorado,e seus amigos faziam parte, o do Prego, o atual “ficante” da Rhaissa, minha amiga que a segundos atrás estava delirando por outro e o do Heitor, que o tal Luke fazia parte, junto com um bando de garotas, garotos e sua sombra oficial, Peter, o que parecia ser seu melhor amigo, a quem eu pude observar e fazer a conclusão de que ele era o cara mais nojento em que eu já vira em minha vida. Sério, este Peter sempre estava acompanhado de inúmeras garotas, e o que eu pude perceber, ele não as tratava da melhor maneira. Era como se elas fossem mais uma a fazer parte da sua lista, que no próximo dia, teria o dobro de integrantes. Não que seu amigo, o Luke, fosse diferente...em relação às garotas e tudo mais, já que ele era o garoto mais cobiçado da faculdade, quem sabe, da cidade... mas pelo menos ele parecia ser um tanto mais discreto.
Mas o que importa, era que esses três grupos tinham rixas por lá, já que Luke ficava com a maioria das namoradas dos meninos do starclube, a razão por Matheus o odiar loucamente e assim fazer seus amigos a odiarem também, e Prego, já que atualmente ficava com Rhaissa, odiava o garoto porque sabia muito bem dos seus delírios em relação ele, mesmo sabendo muito bem que Luke nunca teria nada com ela. Sério, um garoto que tinha todas as meninas aos seus pés não ia dar a mínima para uma garota cheia de piercings e tatuagens, um pouco acima do peso e com um cabelo curtíssimo, com uma franja descolorida, pintada de rosa. Não querendo ser falsa, cruel, ou qualquer coisa parecida, mas ela não era uma “miss universo” ou até mesmo bonitinha. Estava mais para o patinho feio, revoltado, com um ego do tamanho do universo, que me incomodava bastante. Sempre adorava me pôr pra baixo, eu não sabia porque diabos eu ainda era “amiga” dela... devia ser para não ficar sozinha, quando o Peu não estava.
Sei que quando entramos no StarClube, o cheiro como sempre, para quem não gosta de cigarros ou coisas derivadas, não era um dos melhores. Eu realmente me incomodava bastante com isso, já que eu nem se quer bebia alguma coisa com álcool, imagine utilizar químicas mais elevadas, então, eu nunca estava com um bom um humor naquele local. Eu sempre fazia um esforço, para não parecer antipática ou coisa assim, mas, parece que eu não conseguia realizar uma boa tarefa quando o assunto era esse. Todo mundo ficava me olhando torto, principalmente para as minhas roupas, já que as meninas que iam pra lá iam semi nuas ou com algum jeans e camiseta. Nada contra ao jeans, mas já que existe vestidos,saias e shorts, por que não usa-los? O fato era que eu ia parecendo mais uma menininha do que uma mulherzinha selvagem, como todas as outras por lá, exceto por uma garota, branquinha como eu, que ficava sentada sempre em frente ao balcão de bebidas, com cara de quem comeu e não gostou. Era impressionante como sempre ela chegava lá com o Luke e sua sombra, mas sempre ficava sozinha. Peu também não gostava dela e adorava se aproveitar das situações em que ela estava com esse tipo de expressão para falar alguma coisa, do tipo, “os faraós egípcios conseguiram sair da catatumba, e resolveram aparecer por aqui no starclube, só que em versão feminina e mais bizarra. Achava que as múmias eram mais animadas”. Todos riam, menos eu. Porque eu sabia muito bem pelo o que ela estava passando, se sentir mal em lugar cheio de gente sem noção, e mesmo assim, ficar lá. Mas não eram as pessoas, ou o cheiro, ou a visão de garotos nojentos ficando com garotas por lá que mais me incomodavam . E sim, o fato do meu namorado, junto com seus amigos, gostar de fazer “viagens alucinantes”, utilizando ervas, pós, seja lá o que fosse e acabar sempre se metendo em algum tipo de confusão. Ele virava outra pessoa quando tava drogado ou bêbado, e eu não agüentava mais aquilo. E principalmente quando se juntava com seu amigo, Matheus, que ele ficava pior. Eles já estavam de conversinha fazia um tempão, falando algo que eu não tinha dado a mínima importância, já que eu só pensava em exigir um pouco mais de atenção da parte dele.Não tinha sido pra ficar olhando a conversa deles que eu tinha ido naquele inferno, nem para ficar bisbilhotando os beijinhos que a Rhaissa estava dando em Prego, então, dei um basta.
-Peu, você podia vir aqui comigo, só um instante – eu disse, interrompendo sua conversinha que parecia empolgante.
- Vai lá e faz isso Matheus – disse ele a seu amigo, sem eu entender, pegando logo em seguida a minha mão, seguindo-me até onde eu queria ir.
- Pode dizer meu bem – disse ele, num tom de piadinha, me dando um beijo de leve – estou aqui, completo ao seu dispor.
- Acho bom mesmo, não agüento mais você conversando com seus amigos e me deixando de lado... e acho que ta na hora de você parar de beber também, eu já reparei que essa é a sexta lata.
- Cecília, meu amor, a gente não já tinha conversado sobre isso...
- É, mas eu acho que você não entendeu nada do que eu falei! Eu já disse que não gostava quando você exagerava na bebida e em outras coisas...
- Cecília eu estou bem! Só tô alegre, apenas isso! E eu só fumei dois cigarros..
- Isso só porque você ainda não teve a chance de ficar a sós com Matheus , você sabe disso!
-Achei que a gente já estivesse ficado bem, mas parece que me enganei...
- Eu que me enganei ao pensar que você realmente ia mudar, Peu, esse foi meu maior erro....
Dizendo isso a ele, virei-lhe as costas, fazendo com que automaticamente ele puxasse meu braço. Mas antes disso, tinha percebido uma cena muito peculiar. Estava lá, a garota de sempre, que eu havia falado, sentada no balcão. Nada demais, a não ser se a pessoa em que estava ao seu lado fosse um de seus amigos, não o Matheus. Quando o Peu então me puxou, foi quando eu entendi. Eles estavam de conversinha a um tempão, sem eu dá a mínima, e Peu tinha dito para ele ir lá...
- Por que você mandou o idiota do Matheus ir falar com ela? Por quê?!
- Não to entendendo Cecília...
- Claro que está! Você mandou ele ir atrás daquela menina, que esta encostada no balcão, com cara de assustada! Você sabe que ele olha para ela como se a coitada fosse algo de comer!
- Ah, mas ela não deixa de ser meu amor, se eles saírem daqui juntos, ela realmente pode ser o jantar dele, só que de outra maneira, se você entende...
- Deixa de palhaçada Peu, sério, ela sempre fica na dela, e nunca mexeu contigo nenhuma vez, não é só porque ela é amiga de quem é...
- DIZ! DIZ QUE ELA NÃO É IGUAL AO IMBECIL DO AMIGO DELA QUE EU VOU ACHAR QUE EU NÃO CONHEÇO VOCÊ! VOCÊ SABE MUITO BEM O TIPO QUE AS COMPANHIAS DELA SÃO – disse ele,me interrompendo.
- Era sobre isso que eu tava tentando te alertar.. que você ia terminar igual a eles, seus amigos, totalmente louco! Agora tenha calma e vá tentar fazer alguma coisa para que ele não algo pior do que um beijo à ela..
- Não vai ser preciso eu fazer isso! O Johnny Bravo salvador já foi impedir que ela não fosse o jantar...- ele estava falando do Luke, o que não era nada bom naquela situação, já que ele e o Matheus não eram exatamente amigos.
- E você agora vai lá para impedir que eles se matem, já que a culpa é sua! Não termine a noite fazendo coisa mais idiota do que você as que você já fez! – falando isso, saí em direção a uma mesa, e foi lá mesmo que conheci ela, Katarina, a garota de sempre, no balcão de sempre, desacompanhada como sempre. Mas não mais naquela noite, já que apesar dos pesares, tivemos a ótima idéia de passarmos o resto do dia no rockabilly, uma pub, com musica ao vivo e restaurante. Mesmo que o Luke tenha arrastado ela embora do estabelecimento, como se eu fosse uma louca drogada que havia a seqüestrado, não foi o bastante, para assim que eu chegasse na minha casa, ela não ligasse para mim.
- Cecília, me desculpa pelo Luke hoje, ele só estava tentando, diz ele, me proteger.. de vez em quando ele realmente consegue agir como idiota, como se fosse meu pai.Você deve ter ficado ofendida e completamente estressada com a situação...
- Eu sei que você não tem culpa, e eu até entendo ele, mas não o desculpo por ter me agredido verbalmente daquele maneira.. mas enfim, queria dizer que eu tive um belo de um restinho de noite contigo! Você conseguiu mesmo fazer com que eu me divertisse. Você não tem noção de como eu tava precisando disso...
- É! Eu também tava precisando sair com gente que não fosse o Luke e o Peter...como eu te disse, ficar sozinha naquele lugar, é péssimo, principalmente por passar tanto tempo sem fazer nada, e ainda mais, quando vem meninos como aquele Matheus...
- Nossa, tô surpresa ainda, porque você me ligou! Achei que o Luke fosse fazer você nunca mais olhar pra mim... e eu ia lamentar, já que a gente é tão parecida.
- Luke agiu como um idiota, claro que ele não ia me fazer cometer uma imbecilidade dessas! A gente teve uma briga e tudo mais, mas não se preocupa que é sempre assim... posso te ligar amanhã pra a gente fazer alguma coisa?
- Fazer alguma coisa comigo?!?! – eu disse completamente impressionada, não era grande o número de pessoas que queriam sair à minha companhia.
- Era sim... mas se você não quiser eu vou entender...
- Claro que não! Quero dizer, claro que eu não ia dizer isso! Eu quero sim, mas o que você quer fazer?
- Qualquer coisa, eu consegui até me sentir bem em fazer nada contigo..
Foi alí que eu percebi que estava começando a fazer uma mais nova e verdadeira amiga... talvez a minha primeira, realmente, em toda a minha vida.